Segue abaixo mais um trabalho de nosso colega Orlando Aires da Nóbrega, poeta ameriliense:
Um sonho triste
Outro dia eu deitei para dormir
E sonhei com um mundo diferente
Onde um anjo parava em minha frente
E falava que eu tinha que lhe ouvir
Sem achar outro jeito pra sair
Eu tentei, porém ele insistia,
Em falar; no momento ele dizia
Que o desgosto existente era profundo
E as coisas erradas deste mundo
São assim por falta de poesia.
Esse povo aqui que agente vê
‘Tá pedindo socorro para alguém
Pede a Deus um poeta, que não vem;
Esse alguém que lhe possa socorrer
E, se demora, uma parte vai morrer,
Sem consolo, sem paz e sem guarida,
Esperança de outrora já perdida
Sem encanto, sem canto, sem magia,
Sem o aroma que exala a poesia
Nem que viva esse mundo, não tem
vida.
E ali eu fiquei observando
Já não via encanto nem beleza
Percebi que até a natureza,
De tristeza, também estava chorando,
Igual a uma criança lamentando
E pedindo ao mundo, por favor,
Que conserve a memória do autor
Que pra alma da gente faz tão bem
Se deixarmos morrer, morre também,
A feição das lembranças do amor.
Outra coisa me chamou a atenção
Quando se aproximava a noitinha
No meu íntimo que ia e depois vinha
Um desejo de ouvir uma canção
Dessas que nos alegra o coração
E deixa a alma tranquila, inquieta,
Porém algo me veio como u’a seta
Numa frase bastante inconfundível
Quando o anjo me disse: é impossível
Nesse mundo por falta de um poeta.
Eu não vi nem sequer um passarinho
Que pudesse cantar uma canção
A verdade é que o meu coração
Lamentava à beira de um caminho
Onde o seu dono trilhava sozinho
Por veredas sem saber aonde ia
Sem a bússola da vida não sabia
Se ficava parado ou ia em frente
O espírito poético está doente
Em um mundo que não tem poesia.
Quem irá recitar pros namorados
Numa noite de lua sem seresta?
E quem irá fazer parte de uma festa
Sem citar os casais apaixonados?
Sem lirismo estamos condenados!
A sofrer nessa vida, e vou além,
Não se arrisque querendo viver sem
E por fim esse anjo me dizia
Se deixarmos morrer a poesia
Com certeza o amor, morre também.
Leia também "Os sentimentos humanos" de Orlando Aires da Nóbrega.
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