22 de out. de 2013

Três alunos premiados em outubro

Fotografias: Pâmela Lino

É com grande orgulho e satisfação que a Produção Literária vem anunciar que neste mês de outubro os alunos Victor Costa, Elias Araújo e Lígia Moscardini foram selecionados e premiados em alguns concursos literários. Victor, inclusive, foi duplamente premiado no 9º Concurso Francisco Beltrão de Literatura, promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de Francisco Beltrão (PR). Seu poema Retrato em preto e branco conquistou o primeiro lugar na categoria poesia, enquanto seu conto O olhar recebeu o terceiro lugar da categoria conto. Segundo Victor, ele foi surpreendido com o telefonema anunciando a premiação: demorou um pouco para que acreditasse.

Já Elias Araújo, egresso da Produção Literária 2012, levou o terceiro lugar na categoria poesia, com a obra Utopia literária social. Entre outros prêmios literários, conquistou no ano passado o importante prêmio da 12ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto com seu poema Dois ponteiros e alguns versos. Além dessa premiação, no início do mês ele teve o conto A caçadora de poentes selecionado no VII CLIPP - Concurso Literário de Presidente Prudente (SP), realizado pela Secretaria Municipal de Cultura daquele município. Recentemente, Elias ficou em segundo lugar no 8º Prêmio Escriba de Contos, e igual posição no XXXVI Concurso LiterárioFelippe d’Oliveira na categoria crônica. “Eu escrevo já há algum tempo, mas faz bem pouco que resolvi testar meus textos em concursos.”, ele afirma, “E só foi no ano passado [2012] que resolvi procurar um curso sério que me ajudasse a sistematizar profissionalmente meu trabalho, o que eu consegui no Curso de Produção Literária. Isso me ajudou muito a olhar meus escritos com olhos de escritor. Conheço — não pessoalmente — escritores, aspirantes como eu, que têm preconceito contra concursos literários. Alguns dizem que escritor tem que escrever e não correr atrás de prêmios. Mas eu afirmo e repito: os concursos são excelentes portas e janelas para os iniciantes, pois é através deles que conseguimos testar nossos textos.”

O conto A educação pelos dedos, da aluna Lígia Moscardini, também foi selecionado no CLIPP, mas sua principal conquista foi a classificação de seu poema visual Outdoor na fase municipal do Mapa Cultural Paulista 2013 — em suas palavras, “um evento de peso no Estado de São Paulo”, do qual ela adorou participar. “O interessante dos concursos literários é que permitem um certo foco, bem como novas produções que nem sempre imaginamos. Por exemplo, se não houvesse um concurso com o tema braille, acho que eu nunca teria escrito o texto selecionado para o CLIPP. E acho que o Curso de Produção Literária permite esse foco por meio das tarefas e comentários em sala. Além disso, há a agradável convivência com colegas que também gostam de Literatura e procuram objetivos semelhantes.” Lígia também foi selecionada para as antologias do Concurso de Poesias Big Time 2013 e no I Concurso de Prosa, Poema e Fotografia doJuventude Viva

As obras premiadas de Victor Costa, Elias Araújo e Lígia Moscardini compõem a Retrospectiva Produção Literária 2011-2013, em exibição na Biblioteca Pública Municipal “Mário de Andrade” ao longo deste mês de outubro.

Leia abaixo, na íntegra, os poemas premiados no 9º Concurso Francisco Beltrão de Literatura: Retrato em branco e preto, de Victor Costa (1º lugar), e Utopia literária social, de Elias Araújo (3º lugar).


Retrato em preto e branco
Victor Costa

A história que resta nestes restos é pouca
E persistem, ainda, diante de mim,
As migalhas dum pão devorado subitamente…
Daqui, escorada na porta deste casebre, ainda de pé,
Olho o que sobrou de toda aquela gente:
Destroços, possibilidades, fé: um vasto nada!

Desvio o olhar, hesitante; duvido, ainda,
Diante do que há sob a luz do sol.
A toda hora, um retrato em preto e branco me domina, me tortura!
Volto, regredindo minha existência:
Crianças correm por essas ruas todas, descalças, inocentes,
Atrás duma bola que, ligeira, lhes guia livremente…

E num terrível entrelaçar de acontecimentos,
Homens camuflados em prepotência desfazem os destinos alheios;
Um amontoado de corpos, armas e arames restringe a passagem;
As crianças se enroscam, todas.
Bombas eclodem; gritos me penetram os ouvidos, me paralisam o corpo.

Meu passado transpassa décadas,
Me questionando esta vida ávida — e que não deveria ser!
Que se transfigura numa flor de Lótus
E me nasce através do tempo, quando desconfio, hoje,
Já ter vivido muito mais do que me resta
E que no meu horizonte, irrevogavelmente, a vida se põe.

Mas há, ainda, uma vontade de reerguer tudo.
Daqui do casebre, minha visão míope percebeu, há pouco,
Pessoas indo… e vindo… e indo…
Por que não mudam isso?!
Não viram? Não perceberam o que os cercava?
Talvez não fossem pessoas…

Meu corpo fraco renega-se a agir e
Meu ventre oco ecoa uma voz inquieta:
Onde estão as crianças?
Será que ainda correm com o mesmo vigor de antes?
Aquela bola, suja, murcha, eu agarro junto ao corpo
Tentando preencher algo.

As ruas estão vazias.


Utopia literária social
Elias Araújo

Eu escrevo um poema
onde os meninos
saem das ruas
e caminham sobre meus versos
como operários sociais
que se reintegram à colmeia.

Eu construo um romance
de tantos capítulos
quantos são os povos do planeta
e todos os personagens são protagonistas
com vitórias e conquistas:
                           sem guerras
                           sem grandes
                           sem pequenos
                           sem vencedores
                           sem vencidos
                           sem opressores
                           sem oprimidos.

Eu rascunho uma crônica
que acompanha
       o dia a dia livre
  de todos os dias livres
de todas as noites livres
    de cada pessoa livre
e que conta seus sonhos e desejos
de uma Liberdade sem fim.

Eu reescrevo um conto
de poucas páginas
mas que conta uma história
tão universal quanto a Igualdade,
cuja personagem central
não é única, mas feminina
                          e, como outras,
desprendeu-se do solado das botas,
como alguém que encontrou
                          a chave das portas.

Eu produzo uma coletânea
escrita a muitas mãos
pensada a muitas cabeças
caminhada a muitos pés
onde os personagens são reais:
                    são homens
                    são mulheres
                    são crianças
                    são negros
                    são brancos
                    são judeus
                    são cristãos
                    são ateus
                    somos irmãos.



Leia na íntegra o conto O olhar, de Victor Costa.
Leia a notícia no site da Prefeitura Municipal de Araraquara e no portal Sim!News.

Um comentário:

  1. parabéns para os premiados e parabéns a você também, assis, pelo belo trabalho! estou esperando por vocês no dia 9, na praça das bandeiras, para o lançamento do meu terceiro livro! beijos!

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